Regina Célia é escritora, formada em Letras, membro da AMULMIG _ Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, autora dos Livros Gangorra e Ad versos, alem de crônicas publicadas em jornais e em posts.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Sobre vinhos e vidas



Nunca li o Alcorão, mas recordo-me uma sua citação “uma gota de álcool não beberás”. Sempre notei a atitude de diversos bebuns que seguiam piamente a recomendação e ofereciam uma mísera gotinha ‘ao santo’. Bom já se vão quase sete anos que não coloco a famosa gota na minha boca também, mas conviver com os apreciadores das bebidas alcoólicas não me incomoda. Mês de Maio é mês de Festa do Vinho na cidade vizinha de Catas Altas.

Do vinho mesmo não dou noticia, mas a programação musical é, geralmente, impecável. Coisa para pessoas de bom gosto e refinado paladar musical. Os melhores shows aos quais estive presente foram lá, na Pequenópolis Catas Altas.

Atmosfera convidativa ao aconchego, pé de serra, casario histórico, igrejas seculares, vinho, gente bonita e musica de boa qualidade. Ingredientes perfeitos para o sucesso da festa.

Verificando a programação deste ano, uma sensação de êxtase tomou conta de algum lugar dentro de mim ao constatar o encerramento com O Teatro Mágico. O Teatro Mágico é uma mistura de circo, poesia e discussões políticas, que debate temas como arte e cultura. Alguns nunca ouviram falar dele, alguns não o conseguem entender, no entanto como diz o próprio Anitelli “ O Teatro Mágico não é pra se entender ,O Teatro Mágico é pra se sentir, para se viver.”

Assim sendo, O Teatro Mágico adquire nuances de alimento. Como já disse em outras ocasiões, minh’alma tem fome de poesia e eu adoro sopa de letrinhas. Fernando Anitelli é um excelente gourmet e nos oferece iguarias ímpares, uma vez que somos um exemplar apenas de cada um de nós,uma vez que estamos quase em extinção...

Não bebo. Sim! E estou vivendo. Só que viver, às vezes dói. Dói a constatação da manipulaçao, da traição, da falsidade. Dói a decepção de acreditar no ser humano e saber-se ridículo por isso, mas decepções em mim só doem quando respiro e daí, volta Anitelli me consolando “só enquanto eu respirar, vou me lembrar de você”.

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