Regina Célia é escritora, formada em Letras, membro da AMULMIG _ Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, autora dos Livros Gangorra e Ad versos, alem de crônicas publicadas em jornais e em posts.

domingo, 21 de agosto de 2011

Contrapondo o constrassenso



Viver em uma cidade do interior, em franco desenvolvimento, localizada dentro de um raio de cem quilômetros da capital, tem vantagens e desvantagens. A sobrepujança da manutenção da cultura e da tradição, níveis menores de violência, acesso à natureza, patrimônios e sitios são algumas das características incluídas nas vantagens. As desvantagens, por sua vez, se aplicam à inevitável aculturação, que modifica as tradicionais performances interioranas, às ínfimas oportunidades de lazer e entretenimento, à absoluta falta de concorrência que inflaciona o custo de vida, aos cartéis instituídos, ao pseudo- poder dos playboys filhos de papai ou bastardos filhos do meio social. E é neste aspecto que firmaremos nosso olhar.

Frutos viçosos de uma geração emergente, mal completam 18 anos e já possuem um automóvel. Os de pais abastados circulam com veículos importados. Outros possuem veículos mais populares, mas com algo em comum aos primeiros: o estrondoso dom automotivo, que, não raro, valem mais que o próprio carro!

Interessante, mas fora da meta proposta, é que os rapazes das gerações anteriores sonhavam, com um carro, lutavam para adquiri-lo, a fim de levar a namorada para um passeio, uma viagem, etc. Hoje, tão logo deixam os cueiros, assumem o volante, enchem os carros de outros rapazes e saem desenfreadamente pelas ruas, mesmo que numa cidade do interior, como Barão de Cocais. Deve ser a já citada aculturação, que modifica os modos e costumes, não é mesmo?

Pois bem, esses a quem chamo de pseudo- pderosos não são tão pseudo assim! Detêm o poder sobre quem pode ou não pode se conservar no sagrado recinto de seu lar e ver TV, ler um livro ou dormir em paz. Decidem quem e onde se pode encontrar amigos e bater papo, em tom normal de voz, sem ter que gritar

Coisa desagradável é ter que compartilhar com esses rapazes uma música, num som fora dos níveis de tolerância, que causa estresse e irritabilidade, perturba o sono, trinca as vidraças, além do duvidoso gosto musical de seus divulgadores.

Eguinha Pocotó, Popozudas, Tapinhas que não doem, Rebolations, enfim, Axé, Sertanejo universitário, funk , pagode de corno... É tanto lixo ao gosto popular, que cada um deveria curtir de forma privativa, com fone de ouvido, no sagrado recinto de seu lar...

Gosto sim de MPB, de clássicos, um pouco de pop rock nacional e internacional... Tenho minhas preferências musicais e me dou ao prazer de ouvi-las em meu quarto. Os motoristas que trafegam pela minha rua não são expostos ao meu gosto musical, nem os pedestres ou os vizinhos... Por que teria eu que conviver com o contrário?

Como se já não bastasse, tem ainda as propagandas volantes, o carro do peixe, o vendedor de abacaxis, o evento que vai ser realizado, a queima de estoque da loja de confecções, a sessão de desencapetamento de alguma igreja, o circo que chegou...

Em que pesem as leis, favorecem o bem estar e é dever do Poder Público, das Polícias e do Ministério público zelarem para que essa algazarra, proveniente da emissão irregular de ruídos, ou sons não ocasionem perturbação à segurança viária, ao sossego público e ofendam o meio ambiente, afetando o interesse coletivo e difuso de um trânsito seguro e da qualidade de vida, resultando, na maioria das vezes, em desconforto, indignação e descrédito no cumprimento da legislação.

2 comentários:

  1. Infelismente,este e mais um mal desta juventude que nos incomoda! Esta por toda parte.Marlene angelica (Uberlandia)

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