Regina Célia é escritora, formada em Letras, membro da AMULMIG _ Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, autora dos Livros Gangorra e Ad versos, alem de crônicas publicadas em jornais e em posts.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Metamorfose

Às vezes as rajadas do vento são fortes e nos despenteiam Os raios repicam entre os nossos passos em chicotadas de fogo e até a chuva não se despeja em forma líquida, atingindo-nos com pedradas de gelo. É ... Esses são dias em que nos sabemos lagartas! Feias, asquerosas, até meio nojentas! Extremamente solicitarias e carentes. Às vezes de fogo, que deseja um afago mas a ousadia humana não permite o acariciar dos pelos de uma taturana!

O cachepô do muro, recoberto de  verbenas coloridas constitui o abrigo ideal contra o vento e a fúria das tempestades.

Dezenas de lagartas percorrem o mesmo caminho em busca de abrigo e logo um dormitório de casulos é inaugurado no muro de casa.

Ponho-me a observar a ansiosa busca do recolhimento escuro e só. Quando em estado de casulo, mesmo com a dor da transformação solitária, vida nova, mais alegre e colorida  é preparada na tessitura frágil de um par de asas.

Em poucos dias a escuridão começa a translucidar-se e um novo ciclo de vida já pode ser visto. Ao romper-se o casulo nada se vê que remonte à lembrança da feia lagarta de fogo.

Na clausura de meu quarto-casulo teço asas às palavras e nas rimas de um poema sonho-me borboleta.

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