Regina Célia é escritora, formada em Letras, membro da AMULMIG _ Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, autora dos Livros Gangorra e Ad versos, alem de crônicas publicadas em jornais e em posts.

domingo, 13 de outubro de 2013

A torre de Ismália







Pode um amor morrer? Nunca num dia assim... Diria  Bilac. Sim, aquele mesmo tresloucado que ouvia e entendia as estrelas...

Ah, não sabe quem é? Tudo bem. Talvez tenha ouvido falar em Paulo Leminski, que poetiza sobre o não acabar do amor “Amor, então, também, acaba? Não, que eu saiba. O que eu sei é que se transforma numa matéria-prima que a vida se encarrega de transformar em raiva ou rima”.

Em vão?Que seja, pois, eterno enquanto dure, segundo Vinícius de Moraes.

O fato é que hoje o amor contado foi vivido por Afonso e Constança, ainda no século XIX e estando eu na cidade matriarca das Minas Gerais, sua primeira vila, a primeira capital do estado e a cidade mais rica do Ciclo do Ouro, acompanham-me como vultos, os versos de Ismália, cantados pelo poeta solitário de Mariana, que fez de suas ruas estreitas e íngremes a própria torre prisioneira de seu amor.

O frio que espanta o riso de Constança retém-lhe o juízo. O vazio do precipício abaixo dos seus olhos abriga um lago profundo, que reflete a luz esmaecida do encantador luar. Única luz a promover sombras nos olhos embevecidos de Constança.

Um banzo do amor vivido? O assassinato da esperança de vivê-lo? A descrença na promessa  feita ao santo das aflitas casadoiras?

Constança se perdera dentro de si e pariu as rimas e tristezas dos versos de Alphonsus. Ah se a vida deixasse! Ah se pudesse viver!.

Em seu desvario Constança se desvencilha dos braços da solidão e se entrega à leveza de ser alada. Mergulha nas águas escuras que vestem o olhar de Alphonsus à procura da lua neles refletida.

Enfim, Constança decide viver.Se tivesse mais alma pra dar, daria. Isso é viver!

Nenhum comentário:

Postar um comentário